31/12/2008
Natal de 2008
Para quem não pôde celebrar o Natal na nossa terra, ficam as imagens.
Os símbolos permanecem iguais: o presépio e a fogueira. Mas a “desertificação” é que torna diferentes os Natais de hoje em relação aos de outrora: quase não há crianças residentes, acabou o “quer que cante ou que reze”, as portas das casas estão fechadas, as ruas ermas.
Na noite da consoada, continua o bacalhau como Rei; no almoço de Natal, as matanças do porco são escassas, portanto a carne de porco foi substituída pelo peru, pela galinha, pelo borrego, ou até pelo polvo; são as modernices, para quem pode tê-las !...
As pessoas que restam, mantêm a chama viva da tradição, e é sempre Natal.
Este ano, à hora de repicar os sinos para nos aquecermos à fogueira, porque a noite estava gélida, um grupo de amigos começámos logo na estrada a entoar cânticos de Natal, para acordarmos a aldeia, mas apenas as pedras da calçada nos ouviram; ninguém nos convidou para beber um copo, como antigamente ! Já nem na fogueira há comes e bebes, como quando havia mordomos do Menino Jesus... Tudo muda !
Mas no largo da Igreja, junto à fogueira viram-se algumas crianças a saltitar e a vibrar com as labaredas, e houve até altas horas da noite, quem acordasse com foguetes ou com “bombas” que alguém meteu no meio dos tocos.
Ou a malta andava quente, ou não arredaram pé da fogueira!
Ficam votos para que no ano que vem se mantenha a tradição, apesar da “crise”.
Vamos ser optimistas: que em 2009 estejamos sempre com o espírito do Natal !
BOM ANO PARA TODOS !
Maria Amélia Rosário
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17/12/2008
O Natal dos anos 50 e 60
Não havia noite tão desejada em todo o ano como a noite de Natal, em que as famílias muito numerosas se juntavam à roda da lareira, sentados nos bancos de madeira ou em cadeiras de palha, esperando pelos familiares, alguns já emigrados na França e Alemanha, outros por paragens mais próximas.
Não faltavam à mesa as filhoses, o arroz doce, o bacalhau e as couves etc. A carne de porco (havia quem fizesse a matança na véspera) ou a galinha ficavam para o dia de Natal. Tudo feito nas panelas de ferro, que dava um sabor especial à ceia. Enquanto a ceia era preparada, os mais jovens preparavam-se para o "quer que cante ou que reze".
Percorria-se a aldeia de porta a porta dos mais abastados, com um cestinho ou saco. Era uma festa para todos. Os mais velhos ensinavam os versos que se deviam cantar para se receberem: castanhas, nozes, maçãs, enchidos, tostões (poucos).
Lá iamos cantarolando os sons graves das quadras, com os tamancos que já atordoavam os vizinhos. E depois:
Estas casas são muito altas
Forradinhas de alecrim
Viva quem nelas habita
Que é o Senhor Joaquim
Levante-se lá senhora
Desse banco de cortiça
Venha-nos dar a janeira
Ou morcela ou chouriça
Levante-se lá senhora
Desse banquinho de prata
Venha-nos dar a janeira
Que está um frio que mata
Ou o presunto é grosso
Ou a faca não quer cortar
Esta barba de farelo
Não tem nada que nos dar
...E havia mais quadras!
Quando as pessoas estavam mal humoradas e não gostavam da paródia, continuava a algazarra...belos tempos!...No final distribuiam-se os géneros pelos que mais precisavam (menos as nozes...).
Depois da euforia pensava-se na ceia melhorada da consoada. Não havia consoada sem o chefe de família rezar por todos os presentes e ausentes, vivos e defuntos.Os mais novos pediam a benção e beijavam a mão aos pais.
Continuava o convívio até que os sinos da Igreja repicassem para anunciar que era a hora de se acender a fogueira do Natal, feita como é hoje no largo da Igreja Matriz. Na altura ainda se "desviavam" os troncos de carvalhos, pinhos, castanheiros, giestas, sem que alguns donos se apercebessem.
Toda a gente se aquecia com aquelas labaredas com metros de altura e muitas chispas... era um espectáculo muito curioso, pois para além do braseiro, havia o convívio de toda a gente da aldeia, onde não faltavam os tremoços, figos secos, o vinho e às vezes as filhoses que os mordomos do Menino Jesus e populares ofereciam. Era noite de partilha!... era Natal... a rapaziada, essa, a noite era deles...Não havia televisão, nem Net, nem Discotecas...
O frio gélido não era impedimento para nada... pois já estavam bem quentinhos.
Para os mais jovens era altura de colocar o tamanquinho na chaminé!...
Mas o Deus Menino (na altura o Pai Natal andava à procura das Renas)estava sempre em crise...Os presentes eram muito simples. Às perguntas sobre a razão de os presentes serem quase sempre os mesmos, vinha a resposta de que havia sempre quem não tinha nada no tamanquinho. E nós encolhíamos os ombros e pensávamos logo no ano seguinte, no grande significado do NATAL, que deveria ser para todos e todos os dias.
Dia de Natal... fato domingueiro!...os sinos voltavam a repicar para convidar a assistir à missa, visitar o presépio feito de musgo e com muitas figurinhas.A fogueira estava acesa, mesmo que chovesse ainda havia um grande braseiro, que continuava a aquecer quem com toda a sua devoção ia assistir à celebração da missa. A meio da celebração beijava-se o Deus Menino depositando na bandeja dos mordomos a oferta.Tradição que se mantém. E como no Inverno os dias são mais curtos, rápido se passava o dia. No dia seguinte já se pensava no próximo dia de Natal.E velozmente se passaram tantos Natais, cada vez mais diferentes!...
BOAS FESTAS
Mª. Amélia
14/12/2008
Capeias
Obrigado aos Navenses que colocaram os videos no Youtube !
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05/12/2008
NAVE DA RAIA
Um abraço fraternal aos nossos "colegas" do "Nave da Raia". Continuem.
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04/12/2008
DIA DOS SANTOS
(Artigo publicado no Jornal "Nordeste" de Novembro de 2008)
No dia de Todos-os-Santos, às 16.30 houve a celebração da Santa Missa, onde o Sr. Padre evocou todos os Santos, deixando à reflexão de cada um que não nasceram Santos mas sim que se fizeram através dos seus actos...
À saída da igreja foi um reviver de memórias de tempos idos, no encontro com amigos.
Segundo a nossa tradição, não faltaram à mesa os tradicionais bolos dos Santos (já não são feitos nos fornos da Nave mas também são apetitosos). Ainda se distribuem aos afilhados, mas por ironia do destino há mais afilhados que padrinhos, pois muitos já não fazem parte do mundo dos vivos.
Também não faltaram as castanhas, ainda que este ano não seja um ano de abundância; deu para matar saudades. Nesta altura não falta a solidariedade de amigos e vizinhos que repartem com quem já nem tem força para as ir apanhar. Também neste dia se faziam os magustos e para os mais afoitos nem se esperava pelo S. Martinho para ir à pipa e provar o vinho. Tudo isto é passado!...
ROMAGEM AO CEMITÉRIO
Realizou-se este ano no dia 2 de Novembro, dedicado ao fiéis defuntos, a romagem ao cemitério, para prestar homenagem aos nossos entes queridos e amigos que já partiram e que se recordam com muita saudade.
Foi um misto de emoções, pois revêem-se amigos que se deslocam à nossa terra, formando uma grande moldura humana como há muito não se via. São muitos os nossos conterrâneos que continuam nesta peregrinação terrena.
SOLIDARIEDADE
Falando da ligação à nossa terra, vale a pena viver porque há ainda muito para fazer!
Vamos arregaçar as mangas. A união faz a força!...
Foi lançado recentemente um apelo à solidariedade de todos, para angariar fundos para as obras do Lar da Associação do Divino Santo Cristo, como já foi referido em números anteriores do Jornal Nordeste. É um desafio para todos os Navenses.
Pela receptividade que temos verificado nos contactos realizados, constata-se que os filhos da Nave continuam fiéis às suas raízes e atentos ao que nela se passa. O jornal Nordeste muito tem ajudado a difundir a mensagem.
Para qualquer contacto, o nº de telefone da Associação do Divino Santo Cristo é : 271 605 530
Entretanto, começaram a chegar os donativos :
Comandante Horácio Pina Metello – 500 Euros
Anónima – 50 Euros
Rui Pina Metello - 1000 Euros
Como estamos a entrar na época natalícia, desejamos a todos os conterrâneos e ao Sr. Padre António, um Santo Natal.
Maria Amélia N.P.Rosário
29/10/2008
Almoço do bucho raiano a 8 de Novembro
"A Confraria do Bucho Raiano, surgiu em 2007 e o seu primeiro acto foi a realização de um convívio, tendo em vista a apresentação da iniciativa e a promoção da iguaria gastronómica que dá nome á agremiação. Esse primeiro almoço aconteceu no dia 17 de Novembro de 2007, na Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa, juntando cerca de 60 pessoas. Já no ano corrente, realizou-se um segundo almoço de bucho, desta feita em Aldeia do Bispo, no concelho do Sabugal. Foi no domingo gordo, dia 3 de Fevereiro, tendo comparecido cerca de 50 convivas.
Entretanto foi crescendo o número de inscritos na Confraria, pelo que se impõe a realização de mais um almoço anual, tendo por objectivo reviver mais um momento de amizade e de divulgação, mas também ter uma oportunidade de relançamento da confraria. A agremiação necessita de ter vida própria, promovendo iniciativas e congregando esforços no sentido da divulgação do bucho e da demais gastronomia tradicional da raia sabugalense.
As inscrições estão desde já abertas, mas alerta-se que serão limitadas, por uma questão de espaço. Assim, quem pretenda participar no almoço do bucho raiano, poderá telefonar para a Casa do Concelho do Sabugal (218403805), ou através do e-mail confrariabuchoraiano@gmail.com. plb"
"O Bucho é a peça mais peculiar do enchido raiano. É preparada com pedaços de carne do porco dos ossos, cabeça, rabo e orelha, que, após colocada em vinha de alhos, dá enchimento à bexiga ou ao palaio do porco. Depois de cheio o bucho dependura-se com o demais enchido nos varais do fumeiro.
O Entrudo, em especial o Domingo Gordo, era a ocasião propícia a comer o bucho, sendo da tradição que a família se reúna em convívio para se refastelar com a peça. Confecciona-se introduzindo-o numa larga panela de ferro, envolto em pano de linho, que evitará que rebente durante a fervedura. Mantido em lume brando, o cozimento durará pelo menos três horas, após o que irá à mesa dentro de barranha de barro, ladeado por batatas cozidas e abundância de grelos de nabos, cujo marujar servirá de desenfastio."
In Blog "Capeia Arraiana" .
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De comer e chorar por mais ...
"Na gastronomia, o Sabugal é realmente um vencedor. Esta é uma das formas que encontra para surpreender quem o visita. Terra da pesca da truta, da caça ao coelho bravo, javali e outras peças de caça, da criação de cabritos, do queijo da Serra da Malcata, entre outras. Desde há muitos séculos que estas actividades são práticas deste povo, onde são transmitidas de pais para filhos, numa cadeia que ainda não se quebrou. Tais actividades enriquecem a gastronomia sabugalense. Constam na gastronomia sabugalense os mais variados pratos, nomeadamente, o cabrito assado, enchidos, queijo, bolo pardo, filhós, esquecidos e marroqueiro, pão de ló, chanfana, bucho, caldo de vagens secas, caldo escoado, tapioca, espumas doces e bicas, arroz de lebre, borrego assado, trigo podre, bolo dos santos, castanhas, feijoada, bolo saloio, queijo da serra, presunto, sopa seca, sopa de couve, sopa de cavalo cansado, feijão com pão, ensopados, farófias, trutas do Rio Côa, javali, pão leve, coelho bravo, caça, aletria, queijo de cabra, rabanadas, cóscoreis, ovos pintados, caldo verde, papas de milho, cozido à Portuguesa, fatias douradas, caldeirada de cabrito, pita amarela, ovos esquecidos, santoros e peixe do Rio Côa.
Contudo, os pratos tipicamente mais conhecidos são:
Caldo verde;
Cabrito na brasa;
Coelho bravo;
Javali;
Enchidos (dos quais têm fama a chouriça, bucheira, bucho, farinheira e morcela);
Truta do Rio Côa;
Na Gastronomia doce temos:
Arroz Doce;
Farófias;
Bolo Saloio;
Biscoitos "Os Esquecidos";
Papas de Milho"
Agora que estamos quase nos Santos e no Natal, 'bora fazer um prato típico ? Vá. Eles escolhem, elas fazem, eles provam (ou vice-versa...) e todos comem e celebram, na santa harmonia da festa...
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10/10/2008
Declaraçõs do Presidente da Junta
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14/09/2008
História da Nave
Texto adaptado do Livro "Terras de Riba-Côa - Memórias sobre o Concelho do Sabugal" , 2ª edição, de Joaquim Manuel Correia - Pgs. 191-194. Ano: 1893)
"A Nave fica localizada na margem esquerda da ribeira que banha o Soito, Nave e Aldeia da Dona e passa perto de Badamalos, onde toma o nome de Beluiz, indo depois juntar-se ao Rio Côa. Está a 14 quilómetros a Este do Sabugal.
Era muito abundante em águas, havendo por isso, nas margens da Ribeira belas veigas e lameiros com frondosos amieiros, freixos e outras espécies.
Apesar do clima ser frio, havia muitas vinhas antes do aparecimento da filoxera, dando depois lugar a vides americanas, sendo dignas de menção as pertencentes ao distinto Oficial de artilharia, José Maria Marques, de Aldeia da Ponte, sobrinho do falecido Reitor.
Colhia centeio, trigo, batatas, feijão, milho, grão de bico, fruta, hortaliças, bom linho e muita castanha. Os soutos de castanheiros da Nave eram notáveis não só por serem em grande número, como pelos belos e seculares castanheiros que existiam e alguns de tamanhos gigantescos. É porém de notar que a maior parte deles pertenciam a pessoas doutras povoações, sendo por vezes o terreno do domínio doutros, geralmente da Nave.
Foram plantados em tempos imemoriais em terrenos públicos, de que mais tarde foram tomando posse outros individuos, tendo o proprietário do terreno respeito pelo dos castanheiros. A respeito da apanha das castanhas existia uso ou tolerância antiga, que consistia em poder apanhá-las quem quer, passado do dia de S. Martinho, costume que existia também no Sabugal e noutras povoações onde há castanheiros.
A Nave é uma povoação muito antiga, dizendo-se que era já habitada no tempo dos Romanos. Efectivamente no seu limite têm aparecido sepulturas atribuidas à época em que eles dominaram a península, assim com algumas vasilhas de barro.
Em 1477 existia ali um Convento de Freiras, instalado, segundo se diz, no local onde tinha a sua residência o Sr. Augusto Jerónimo Metelo de Nápoles e Lemos, opulento proprietário da Nave. Acabou por causa das guerras com Castela, indo as Freiras para Almeida onde fundaram outro Mosteiro.
Era da invocação de Nossa Senhora do Souto. Foi fundado por três Irmãs da familia dos Falcões de Pinhel, chamadas Grácia da Coroa, Ana da Conceição e Branca da Assunção, às quais se asssociaram outras mais. Do Convento que elas fundaram em Almeida sairam as fundadoras dos Mosteiros de S.Vicente da Beira e da Madre de Deus de Aveiro.
Diz-se que a Capela de Santo Cristo que existe na povoação da Nave pertencia ao extinto Convento.
Esta povoação foi incendiada em 1642 pelos Castelhanos. Da Nave saiu em 29 de Agosto de 1643 o Governador da Beira, D. Álvaro Abranches, para tomar Albergaria, que ficava no Reino vizinho e tinha 300 vizinhos, não conseguindo o intento (“Portugal Restaurado, T.2º, pág. 8). Levava 6.000 Infantes, 2 peças e 400 cavalos.
É dessa época o cruzeiro do chafariz, que ainda podemos apreciar, datado de 1648.
Foi na mesma ocasião destruida a Igreja Paroquial, que mais trade foi restaurada. Mas nunca perdeu o nome de Igreja Matriz. Tem à direita e a poucos metros de distância uma elegante e elevada torre. Uma das poucas que há no Concelho do Sabugal.
Em época que não se pode determinar foi mandado apear o telhado para nela se fazerem os enterramentos, construindo-se mais tarde o cemitério em volta.
Nela existe uma pedra tumular, sobre a supultua de D.Justina da Fonseca, senhora extremamente virtuosa. Nessa vê-se uma inscrição, da qual consta ter falecido em 18 de Agosto de 1888 e ter deixado a quantia de 50,000 reis para a conclusaão das obras da Igreja, além de muitas esmolas aos pobres.
Foi casada em segundas núpcias com José Joaquim Ribeiro, que por morte dela voltou para a Miuzela, sua terra Natal.
Enquanto a Igreja Matriz não foi reparada servia de Igreja Paroquial a Igreja de Santo António.
Edificada no meio da povoação, em estilo moderno, mas solidamente construida. Tem um coro e púlpito regular e a capela-mor está muito bem ornamentada. O altar-mor é de boa talha dourada. Nas paredes da capela-mor existem sete quadros regulares.
Ao lado da capela-mor vê-se uma inscrição da qual apenas se pode copiar o seguinte:
D. LUIS DE O TAVARES
TUDO POREMBARCAR AL...
(ELEVS) OCEONOSARRE’......
DANDO......................................
Lê-se ainda ali a data, que parece de 1753. A inscrição está relacionada com a lenda da capela. Vendo-se um individuo – D. Luis de O. Tavares? Em eminente perigo de morrer no mar, fêz um voto a Santo António, prometendo mandar erigir-lhe uma capela e um altar . Ficando salvo da tempestade, cumpriu o voto mandando edificar a Igreja e o altar nesta povoação.
A Igreja de Santo António serviu de Igreja Paroquial durante muitos anos, mas como era muito pequena para a população, a necessidade obrigou os vizinhos a restaurar a Igreja Matriz e que foi naturalmente construida nos tempos em que a Nave era a sede de uma grande freguesia , a que pertenciam as povoações da Lageosa, Foios, Vale de Espinho, Vale das Éguas, Ruivós e Ruvina.
Ali vinham muitas vezes assistir à missa conventual os vizinhos dessas povoações, tão distantes especialmente as três primeiras.
O Reitor era da apresentação do ordinário. Apresentava os curas das referidas povoações.
Existiam na Nave muitos padeiros de centeio e trigo, sobretudo à moda espanhola, para o que tinham máquinas próprias. Iam vender o pão ao Sabugal, Covilhã e Guarda e a muitas povoações do concelho. No tempo próprio, iam muitos indivíduos da Nave para Espanha, indo até às proximidades de Salamanca, uns como gadanheiros, outros como tosqueadores de gado lanígero.
As corridas de Touros
Um divertimento que os da Nave não dispensam é a corrida do touro, uma ou mais vezes cada ano, assim como os do Souto, Vila Boa, Sabugal e outras mais terras do concelho, especialmente as situadas na margem direita do rio Coa. É o que se chama folguedo. O touro é alugado por indivíduos que os compram em Espanha para aquele fim. Geralmente recebia o dono do touro a quantia de 5.000 réis por cada folguedo.
O touro é corrido numa praça improvisada na véspera, cercada de carros bem cheios de lenha, no cimo dos quais o povo assiste à tourada.
Todos os rapazes são toureiros, picando o touro com grandes varas, de quatro ou cinco metros de comprimento, em cuja extremidade está cravado um aguilhão de ferro.
Mas a parte mais curiosa do folguedo consiste no forcão, espécie de grade, formada dum grande ramo ou pernada de carvalho, com uma grossa vara onde os galhos se atam e afastam, dando-lhe a forma triangular.
O rabeador, tal como um timoneiro, dirige esta máquina, levantando-a, desviando-a para que o touro não apanhe os 15 ou 20 rapazes que a cercam; e os 2 do garrochão, armados de grossos paus com longas choupas, defendem-se das investidas do touro, cravando-lhe os ferros dos garrochões, ao mesmo tempo que os das varas ou garrochas o distraem, fugindo a meter-se debaixo dos carros.
Infeliz do que se deixa apanhar, que fica estendido na arena, às vezes para não mais se levantar, como várias vezes tem sucedido. Mas, apesar disso, o divertimento deve ainda continuar, porque a Nave, como as mais povoações próximas de Espanha, tem grande predilecção pelas corridas de touros e, quando ali o não correm, vão assistir a corridas doutras povoações."
24/08/2008
Festa de Santo António 2008, na Nave
(clique nas fotos, para ver em formato maior)
07/08/2008
Celebrada festa de Santo Cristo
"A tradição voltou a cumprir-se, este ano, com a celebração da festa de Santo Cristo na Nave. Os festejos decorreram, nos dias 2, 3 e 4 de Maio, com a presença de muitos devotos, não só da freguesia, como das terras vizinhas.
Os tradicionais festejos em honra e louvor do Santo Cristo, na Nave, também conhecidos por Santa Cruz, realizaram-se este ano, e como é habitual, nos dias 2, 3 e 4 de Maio.
A mordomia, constituída por José Fernandes, Vítor Galhano e os irmãos José António e Sérgio Malcato organizaram a festa, que todos os anos acolhe inúmeras pessoas, não só da freguesia, mas também das aldeias vizinhas.
Os festejos começaram no dia 2, dia do aniversário das almas da Irmandade do Santo Cristo, com a celebração de uma missa por alma dos irmãos falecidos. Tal como explicou ao Cinco Quinas o mordomo Vitor Galhano: «Esta festa é como que uma ramificação da Irmandade, já muito longínqua, histórica até, que tinha um perímetro bastante vasto, fazendo parte dela, irmãos do Soito, dos Foios, de Ozendo, de Vila Boa, da Nave, de Alfaiates, de toda esta zona circundante do concelho do Sabugal».
No dia 3, dia principal da festa em honra e louvou do Divino Santo Cristo da Nave, ouviu-se logo pela manhã o lançamento de uma alvorada «monumental». A Banda Filarmónica de Manteigas posicionou-se junto à Junta de Freguesia da Nave, e com a presença do autarca local, José Manso, procedeu-se ao içar das bandeiras da freguesia, das Comunidades e de Portugal, onde se cantou o hino nacional a viva voz, acompanhado pela Filarmónica.
Seguiu-se a tradicional visita à casa dos mordomos, e mais tarde, a celebração da missa, onde os elementos da Banda Filarmónica entoaram os cânticos, acompanhados ao órgão por Teresinha Galhano. No final da Eucaristia teve lugar a procissão, acompanhada pelo andor de Santo Cristo.
Já durante a tarde, a Banda Filarmónica presenteou a população com um concerto, e à noite o conhecido artista «Saúl» abrilhantou o espectáculo musical, que contou ainda com a actuação do conjunto “Oasis”. Não faltou a sessão de fogo-de-artifício, e o bar aberto.
«A parte profana e de divertimento correu muito bem. Estreamos um palco que é da freguesia, e que foi cedido por uma mordomia do Santo António, e dos mordomos da tourada», explicou ao Cinco Quinas, Vitor Galhano.
No dia 4 voltou-se a celebrar a missa, acompanhada pelo Grupo Coral da Guarda, “Pedras Vivas”. Já durante a tarde, este grupo egitaniense proporcionou um concerto a toda a população. «As pessoas ficaram embevecidos porque foi-lhes servido um grande espectáculo», comentou o mordomo, referindo que: «Ao final da tarde, e para fecharmos com chave de ouro, tivemos desde as 6 da tarde, um porco no rodízio, oferecido pela mordomia.» À noite, e para encerramento dos festejos, foi a vez de o conjunto “RaioX”, subir ao palco.
«Ultrapassamos todos os objectivos que tínhamos previsto», referiu Vitor Galhano, que salientou: «É notório que a freguesia guarda um grande respeito, e uma grande devoção pelo Divino Santo Cristo da Nave. Muito pródigos nas suas dádivas, oferendas e ofertas que revertem a favor da festa, e que são aplicadas, nas sobras inerentes que houver, a favor dos bens de alma dos irmãos falecidos.»
«Vamos fazer todos os possíveis para que a festa se mantenha, para que a tradição continue a ser alimentada.É uma festa com uma tradição muito grande», elucidou, revelando que nestes dias houve uma «grande afluência de pessoas vindas de longe, inclusivamente da Beira Baixa»
«A festa correu muito bem. Fizemos o melhor que pudemos, desde a orientação, à organização, até ao final da festa. Correu tudo na perfeição. Há coisas que foram pensadas e organizadas de inicio, e outras que saíram na casualidade. Esperamos que os novos mordomos façam igual, ou melhor que nós, para o ano que vem», afirmou visivelmente satisfeito José Fernandes, explicando que, na divulgação desta festa: «Fizemos uma divulgação por todo o distrito. Houve pessoas vindas de muitos sítios».
Os mordomos para o próximo ano já estão escolhidos, e como manda a tradição, dois deles encontram-se a residir no país, e os outros dois no estrangeiro. Assim sendo, Francisco Correia, João Malcato e sua tia, bem como Conceição Nobre são os organizadores da próxima festa de Maio. "
Por: M. D. 2008-05-30
Notícia do Jornal 5 Quinas - Centro de Noite da Nave
"Nave - Centro de Noite da freguesia prestes a abrir "
"O Centro de Noite da Associação Social de Idosos do Divino Santo Cristo da Nave vai abrir na próxima sexta-feira, dia 1 de Agosto. Com uma ocupação para 15 utentes, ainda restam vagas por preencher na Instituição.
A freguesia da Nave vai dispor, já a partir do próximo mês, de uma nova valência na Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) presente na freguesia. O Centro de Noite da Associação Social de Idosos do Divino Santo Cristo vai abrir na próxima sexta-feira, dia 1 de Agosto.
Em declarações ao Cinco Quinas, José Manso, presidente da Associação, referiu que «as pessoas que estiverem interessadas em fazer a sua inscrição para o Centro de Noite, podem ainda fazê-las», isto porque segundo ele, restam vagas por preencher, das 15 existentes para os utentes.
José Manso adiantou ainda que as obras não ficam por aqui, e «logo de seguida haverá pequenas ampliações para passar a lar», que terá, posteriormente, uma capacidade para perto de 40 utentes."
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Simbologia do Brasão da Nave
As espigas de trigo - Símbolo da riqueza e tradição cerealífera local.
O cacho de uvas - Relevando também a abundância de vinhas nestas terras.
As chamas de fogo - Em memória do incêndio provocado pelos Castelhanos, no século XVII, que arrasou grande parte da povoação.
Escudo de verde - Em representação da fertilidade dos campos da Nave.
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06/08/2008
Olá Amigos da Nave-Sabugal !
Não temos conhecimento de outros Blogs sobre a Nave. Se os houver, e é de esperar que sim, mais um não será demais; até pode servir de pretexto para troca de experiências !...
Vamos procurar manter o Blog actualizado e de consulta apetecível pela população "cibernauta". Para o conseguirmos, vamos precisar da sua colaboração. Por isso, se tem fotos, documentos, artigos de opinião, crónicas, notícias, memórias, arquivos áudio/video, etc., informe-nos como podemos ter acesso, ou dê-nos o seu endereço de email (do Gmail), para poder você próprio(a) fazer a sua publicação no Blog.
Se é da Nave, seja bem-vindo(a), e se não é, seja também !
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