12/12/2010

Um Poema de Natal ... diferente

Nesta quadra festiva, infelizmente dominada pelo consumismo, que tal um poema de António Gedeão, que é uma reflexão sobre o outro lado do Natal ?

Dia de Natal

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes, a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra - louvado seja o Senhor! - o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus,
doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
.

Feliz Natal para todos, e bom Ano !

Maria Amélia Rosário

04/12/2010

A Nave com Neve

O rigor do inverno chegou à nossa aldeia, e vestiu-a de branco, tal como outras zonas de clima mais frio.
Não pude deixar de partilhar convosco a beleza das fotos enviadas pela Celeste Gonçalves, a quem agradeço.

Maria Amélia Rosário







30/05/2010

Capeia 2010










No dia 29 de Maio, realizou-se mais um grande convívio entre os nossos conterrâneos que residem na Nave e em Lisboa e arredores, e que puderam comparecer, para assistir à grande capeia arraiana, promovida pela Casa do Sabugal.

A Nave compareceu com um grande grupo de aficionados, como provam as fotos. Foi emocionante e uma tarde bem passada, com tanta gente do nosso concelho, o que prova que estamos vivos e dispostos a manter as tradições da nossa cultura.

Houve um almoço onde não faltaram as sardinhas assadas, grelhados mistos, bem regadinhos... e uma mesa lauta para todos.

A tourada correu bem, com poucos “arranhões”. À nossa moda é sempre emotiva, os touros eram bravos e matreiros, não dando tréguas aos foliões. Foi pena que não pudêssemos aplaudir em especial o grupo da Nave, na espera dos touros ao forcão, pois também mereciam a oportunidade, como outras freguesias. Vamos desculpar este pormenor à organização. Para o ano será diferente. E festa brava é sempre festa !

Depois da tourada, novamente reunião à mesa, pois o leitão e o resto do comes-e-bebes não podiam voltar para trás. E a viagem também tinha de ser feita pelos nossos amigos, com o estômago bem aconchegado.

Estão de parabéns os elementos da Junta de Freguesia, os que estiveram de volta do grelhador, e todos os que colaboraram, em geral.

Foi uma grande jornada. Valeu a pena

09/05/2010

NAVE - FESTA DA SANTA CRUZ 2010








A tradição manteve-se, com a realização no dia 3 de Maio, da festa da Santa Cruz, em honra do Divino Santo Cristo.

São dias vividos com grande emoção. No dia 1 de Maio foram recordados todos os que pertenceram à nossa comunidade e que faziam parte da Irmandade do Divino Santo Cristo.

O dia 3 começou bem cedo com a alvorada, acordando até os mais dorminhocos. Pouco depois, com a chegada da banda da música, só faltou a miudagem que outrora dava mais vida às ruas, na primeira volta à aldeia, como nos tempos da minha infância, em que os rapazes seguiam atrás da banda e aproveitavam para apanhar as canas dos foguetes. Vai longe esse tempo, mas está sempre presente.

Às 11h30 a procissão saiu da Igreja do Santo Cristo até à Igreja Matriz, onde foi concelebrada a Santa Missa, por três Sacerdotes. A pregação ficou a cargo do Sr. Pe. Hélder, pároco na Ruvina, o mais novo do Arciprestado da Guarda, mas que foi brilhante na sua alocução. Se todos estiveram atentos as seus reptos, decerto que a vida vivida na Fé será bem mais fácil, nesta nossa caminhada!...

Após as cerimónias religiosas, houve o grande convívio no largo da Igreja Matriz, onde se realizou um grande baile e à meia noite (noite gélida) não faltou a grande sessão de fogo de artifício.

No dia 4 foi o encerramento, novamente com a procissão e missa na Igreja Matriz, celebrada pelo Sr. Pe. Américo. A animação teve coro mais numeroso e orientado pelo diácono Manuel e o organista João, familiares da Odete Tomé. Parabéns pela iniciativa.

Foi pena haver pouca gente, talvez por ser em dia de semana. E como diz o poeta: “o mundo é composto de mudança”, porque não unirmos esforços e darmos passos para que que a nossa grandiosa festa perdure?

A realidade é que a festa da Santa Cruz tem cada vez menos afluência de Navenses e famílias, o que é mau para a sua continuidade; alguns conterrâneos, preocupados com este fenómeno, auscultaram a opinião de parte da população, sobre a eventual mudança da data da festa, para o primeiro fim-de-semana de Maio, por exemplo. Houve logicamente opiniões diversas, que têm de ser respeitadas; se uns aprovam, outros rejeitam, pelo que não há “volta a dar”... Aguardemos. O tempo decidirá...

Uma palavra de apreço e reconhecimento para os mordomos, pelo esforço e dedicação a esta causa tão nobre. Tudo muito bem programado. As Igrejas eram um hino à natureza, com a beleza das flores, tal foi o gosto das mãos que as colocaram....Parabéns a todos.

Estou ciente que os novos mordomos vão continuar a mística destes dias. Não vai ser fácil para alguns, por motivos profissionais.

Força!... Em 2011 lá estaremos para colaborar, se necessário for.

Maria Amélia Rosário
Fotos Robert e M. Amélia

14/01/2010

Campanha de donativos

Continua a campanha de donativos para o Lar da Associação do Divino Santo Cristo !

A Associação agradece as contribuições de:

-Dr. Joaquim Portas
-Drª Maria Alcina Pires
-Profª Teresinha Engrácia
-Prof. Vítor Metello

Que 2010 seja pelo menos tão pródigo em generosidade como 2009 !
Ajudar não custa nada !

No "Nordeste" de Janeiro de 2010:

Amigos da Nave

Com o mês de Dezembro chega o período natalício, tempo de recolhimento, encontro de famílias, apelo à solidariedade mas também ao consumo, que por vezes chega a ser desperdício, quando em tempo de crise há tantos seres humanos necessitando dos bens mais elementares para sobreviverem.

Mas também é tempo de esperança. É urgente a participação de todos para criar outro modelo de desenvolvimento global onde todos os povos participem.

Também nós os Navenses temos de arregaçar as mangas e com determinação fazermos algo pela nossa terra e preservar as nossas tradições que fazem partem das nossas raízes...

No Natal passado, ainda que as condições climatéricas fossem um pouco adversas a grandes deslocações, notou-se que algumas famílias não passaram o Natal na Nave. Foi pena, porque nem a neve faltou, ainda que o manto branco fosse desfeito pela chuva.

Cumpriram-se algumas tradições. No dia 24 à meia noite os sinos repicaram e os foguetes deram também o mote para a reunião à volta da fogueira (para aquecer o Menino Jesus). Um grupo de homens de boa vontade colocaram os “tocos” bem sequinhos, pois só assim as labaredas deram o colorido à noite gélida e chuvosa.

No dia de Natal às 11.30h realizou-se a Santa Missa e aí pareceu-me a igreja enorme para a gente que assistia ao acto tão solene. A igreja estava esplendorosa.

No final da Missa foi a cerimónia do beijo ao Menino Jesus, com o coro entoando cânticos alusivos ao dia. A tradição falou mais alto e ninguém receou contrair a gripe A.

À saída da igreja, ainda a fogueira dava as boas vindas aos que em redor dela se agruparam para mais um convívio .

Retomando ainda o tema das nossas tradições, gostaria de lembrar que em 2009 foram retomadas em Junho as fogueiras dos Santos Populares, incluindo o mastro revestido, a bela-luz e rosmaninho. Já não há competição como antigamente, pois as moçoilas e seus pares, alguns deles já não têm forças nem vontade para o “folguedo”, e outros já não estão entre nós.

No dia 14 de Novembro realizou-se um magusto e mais um grande convívio entre os nossos conterrâneos. Gostava que todos tivessem acesso à Internet e fossem ao site “Nave da Raia” e vissem os seus lindos rostos todos “enfarruscados”. Que beleza!... Parabéns aos que tiveram a iniciativa. Força minha gente!

Também no dia 31 de Dezembro, numa sala da escola velha, naquele edifício emblemático que ajudou muitos de nós a preparar-nos para o futuro, juntaram-se para a passagem de ano alguns dos nossos conterrâneos, que a avaliar pelas fotografias, são os grandes dinamizadores da nossa terra. Mesa farta, com a contribuição de todos os participantes.

Quem sabe se, com a contribuição de todos, poderíamos melhorar aquele espaço, para os eventos mais marcantes da população?

E com esta me fico, desejando a todos os Navenses um próspero Ano Novo.

Mª. Amélia Rosário

Paisagens outonais da nossa aldeia

A câmara do Vítor Valverdinho registou estas imagens bucólicas da nossa terra: